thanksgiving

- joão, hoje é um dia importante para a família, para a nossa família, por isso cada um de nós vai dizer uma coisa que gosta na nossa família.

começa o pai.

- eu gosto muito dos meus filhos queridos e fofinhos. 

- agora é o joão.

- eu... eu gosto... gosto do patito. 

recebeu abraços e beijos nossos e eu não cheguei a dizer o que gosto na nossa família. 

querida matilde

não consigo dizer muito, dói-me o estômago e o coração encolhe-se ao ponto de doer também. 

às vezes esqueço-me do que aconteceu, esqueço-me que já não te vamos ver. nunca. mais.

querida matilde, não há maior injustiça que morrer aos quatro anos. 

não te preocupes que vamos, todos, tomar conta da mãe, do pai e do teu irmão. eu sei que as festas de anos vão ser muito difíceis, afinal gémeos são sempre dois, pelo menos. mas nós, todos, vamos fazer a festa. por ti e pelo mano. 

querida matilde, nunca me vou esquecer de quando me disseste, na voz mais meiga e doce 'gosto muito de ti, joana'. parece que te estou a ouvir dizer isso agora. tenho repetido isso na minha cabeça, talvez para te agarrar mais uma vez.

querida matilde, gosto muito de ti e já tenho saudades tuas. 

também eu

«Apercebo-me que ser mãe [e ser pai] é um papel cada vez menos passivo e dá sempre mais trabalho, física e emocionalmente. Nada que eu não pudesse suspeitar, nada que eu não aceite com naturalidade, estou apenas a constatar a verdade: ser mãe [e ser pai] é altamente exigente, desafiante, exasperante, emocionante, frustrante, desesperante e apaixonante, tudo ao mesmo tempo e tudo quase sempre com a mesma intensidade. Ufa. Sinto-me constantemente à prova e em esforço para ser a melhor mãe, não do mundo, mas a possível, a que sei ser, sem meios-termos.»

tirada #3

- é preciso ter calma.
- é preciso o quê, joão?
- é preciso ter calma.
- calma para quê, joão?
- calma nesta confusão.

e é este o diálogo que tenho com ele quando o cenário é o quarto revirado do avesso, os jogos todos em cima da cama, o mais novo a tentar virar a caixa de legos para cima dele próprio, carrinhos às dezenas pelo chão, são quase 19h e ainda não sei o que vai ser o jantar.

sábado 'sozinha'

depois de um sábado inteiro 'sozinha', só com o mini atrelado a mim, posso dizer o seguinte:

+ fiquei cheia de inveja do grupo de amigas que estava a tomar o pequeno-almoço atrás de mim, apesar de uma delas não saber distinguir amoras de framboesas e de estarem a ter uma discussão super importante sobre pôr ou não pôr flores nos cupcakes e nos cakepops. enviei mensagens às amigas do coração que estão lá longe, tendo a certeza que elas sabem distinguir os frutos vermelhos uns dos outros;

+ não consegui almoçar o que queria porque os abacates estavam intragáveis de tão verdes;

+ resisti a comer um gelado e a ir lanchar fora. o exagero do pequeno almoço deu para o dia todo;

+ apesar do sol e do calor a relva estava húmida;

+ já despachei as sopas para a semana;

+ adoro que estejam sempre a elogiar o francisco por onde quer que vá. ele já sabe o poder do sorriso;

+ deixei estragar mais uma embalagem de salmão fumado, mas como sou de ideias fixas no que toca a comida, fui comprar outra para o jantar;

+ estou cheia de saudades dos rapazes mais velhos;

+ falar ao telefone com o joão, sabendo-o longe, é bom mas faz o coração pequenino;

+ sabe bem ter silêncio em casa;

+ vou dormir com o pequeno, sem dúvida.

bom sábado de novembro com temperaturas de primavera. 

natação

depois de um ano e meio a ir para dentro de água com um adulto, e apesar de a recomendação ser para continuar neste registo, decidi(mos) avançar para as aulas de natação sozinho. conhecendo o joão, tão físico que ele é, ia ser uma nulidade mantê-lo na aula dos bebés.

foi o melhor que fizémos. nunca o vi tão satisfeito, tão genuinamente interessado numa actividade, não ansioso pelos dias de piscina, tão empenhado. é incrível a alegria que ele aplica naqueles 45 minutos de muitos saltos, pirolitos e conquistas. em menos de três aulas já andava todo contente, sozinho e confiante, aos pulos, a ir buscar coisas, a boiar, a mergulhar, a bater os pés e a engolir água aos litros. de dia para dia consegue mais, vai ao fundo buscar brinquedos, fica de barriga para cima a boiar, mergulha para frente e não de pé, faz 'snorkeling' (quando o vi fazer isto, fiquei tão orgulhosa!).

vai sempre com a sua amiga v., colega da escola, que tem uma adoração por ele e faz birras monumentais quando ele não está. e é um delírio vê-los de mão dada, independentes, a irem para o banco esperar pelo professor pedro. nunca querem esperar no balneário, tal é a vontade de ir nadar. a excitação é tal que já tiveram que ser separados na aula por estarem a desestabilizar os outros. e nós, mães, ficamos a observá-los cá de cima, cheias de orgulho dos nossos bebés que viraram crianças num ápice. 

10M

+ ainda mama;
+ come migalhas do chão;
+ começa a ser pirata, a tirar brinquedos ao irmão, sempre a tentar roubar-lhe a chucha e a mexer em coisas que não deve, tipo tomadas;
+ adormece em dois segundos a seguir ao jantar;
+ ainda acorda durante a noite;
+ aguenta-se muito bem de pé e apoia-se em todo o lado, desde o caixote do lixo, que usa para fazer de tambor às pernas das mesas e cada vez tem mais força nas pernas;
+ bate palmas, muito contente;
+ estava a passar fome, por isso o jantar tem sido reforçado com sólidos;
+ gosta de jogar às escondidas: foge pelo corredor e depois volta para trás, a rir, quando o chamamos;
+ adora tomar banho com o mano.

ps: tal como o irmão, aos dez meses, está muito constipado e com tosse cavernosa.

a lista podia continuar mas ainda bem que o dia acabou

+ xixi na cama 

+ xixi no sofá

+ empurrou o F fora da cama

+ xixi no carro

+ comeu um lápis

+ riscou o sofá

sim, foi tudo no mesmo dia.