quinta-feira, 27 de abril de 2017

trem bala


não é sobre ter
todas as pessoas do mundo pra si
é sobre saber que em algum lugar
alguém zela por ti
é sobre cantar e poder escutar
mais do que a própria voz
é sobre dançar na chuva de vida
que cai sobre nós

é saber se sentir infinito
num universo tão vasto e bonito
é saber sonhar
e, então, fazer valer a pena cada verso
daquele poema sobre acreditar

não é sobre chegar no topo do mundo
e saber que venceu
é sobre escalar e sentir
que o caminho te fortaleceu
é sobre ser abrigo
e também ter morada em outros corações
e assim ter amigos contigo
em todas as situações

a gente não pode ter tudo
qual seria a graça do mundo se fosse assim?
por isso, eu prefiro sorrisos
e os presentes que a vida trouxe
p´ra perto de mim

não é sobre tudo que o teu dinheiro
é capaz de comprar
e sim sobre cada momento
sorriso a se compartilhar
também não é sobre correr
contra o tempo pra ter sempre mais
porque quando menos se espera
a vida já ficou p'ra trás

segura teu filho no colo
sorria e abrace teus pais
enquanto estão aqui
que a vida é trem-bala, parceiro
e a gente é só passageiro prestes a partir


it's never too early to teach kids about consent

o joão tem, ultimamente, chateado bastante o irmão. agarra-o, espreme-o (raramente de forma amorosa), empurra-o, tira-lhe brinquedos e faz-se valer do tamanho e força maiores para o subjugar.
eu não gosto de ver, não gosto de ouvir os guinchos do mais pequeno e tento, a palavra é mesmo esta porque muitas vezes não consigo e a voz e o tom saem errados, dizia eu, tento dar-lhes instruções positivas, tendo guiá-lo sobre o que está a acontecer, do género: 'achas que ele está a gostar do que estás a fazer? quando ele está a chorar é porque não gosta.' ou 'gostavas que te fizesse isso=?'. 
o problema é que muitas vezes, já o admiti, não consigo dizer isto de forma pausada e construtiva, sai tudo a correr num tom acusatório e, claramente, não serve. 
hoje li este artigo e achei muito interessante as questões e, principalmente, as soluções apresentadas. como diz, e muito bem, são pequenas mudanças na abordagem e na linguagem que fazem a diferença e, com a preocupação que vou tento de os ver crescer - ando a ver a série '13 reasons why' e tem sido difícil digerir tudo aquilo - parece-me oportuno explorar estes assuntos. os dos consentimento+respeito, claro, não o suicídio e abuso na adolescência. lá chegarei...
«(...) it’s never too early to teach kids about consent. Here are five ways I’ve tried to show them how to respect themselves and others…
YOU’RE THE BOSS.

We often tell our boys that they’re the boss of their bodies — I love that it’s a clear, age-appropriate phrase (every kid understands the concept of boss!). If Toby wants privacy while getting dressed, I’ll say, “For sure, you’re the boss of your body.” If Anton doesn’t want to kiss grandma, I’ll say, “You’re the boss of your body; it’s up to you.” If they’re playing with another child who doesn’t want a hug, I’ll remind them, “He’s the boss of his body, you need to stop.” You can see how empowered each child feels — especially three-year-old Anton, who, as the little brother, is quite literally not the boss of anything else. :)

DON’T POUT.

The feminist writer Jessica Valenti, author of Sex Object, recently told me this eye-opening tip: “It’s important to normalize a healthy reaction to the rejection of affection. So, if I ask my daughter for a kiss on the cheek and she says not right now, I smile and say, ‘Okay!’ I want her to know that the appropriate reaction to saying ‘no’ to physical affection is saying fine and moving on. Not a guilt trip, not anger, not sulking.” It was a lightbulb moment. Before, when Anton didn’t want to cuddle, I’d playfully pout and beg for kisses — now I respect his decision and move on.

THERE ARE DIFFERENT WAYS TO SAY NO THAN JUST SAYING NO.

We have a great, straightforward children’s book called No Means No. But people don’t always have to say no in order to mean no. I encourage the boys to notice social cues and watch people’s body language — does it seem like the baby likes it when you squeeze her? Her face looks upset. That means you need to stop right away.

ASK FIRST.

My friend in San Francisco regularly tells her children, “It’s time to go. Do you want to ask Jenna if she’d like a hug or high five?” By phrasing it as a question, she lets both children decide if they want to embrace — or not. Those small linguistic changes can seem inconsequential, but think how much they might shift your perspective as you grow up into a pre-teen, teenager and adult — and when it comes to hooking up and sex. Now I’ve adopted her approach, too.

TALK OPENLY AND STRAIGHTFORWARDLY ABOUT BODIES, GROWTH, SEX, ETC.

I try to never seem grossed out or shy about anything to do with the boys’ bodies or mine. (For example, they’ve asked about my tampons on the bathroom counter, and I tell them matter-of-factly what they’re for.) By learning the correct words for their body parts, they’re empowered and able to speak directly about them, and they know they can come to me with questions and get an honest answer. My mom had the same approach when we were growing up, and I always felt so comfortable talking to her about anything that was on my mind.»


quarta-feira, 26 de abril de 2017

'cucudilu'


remonta ao carnaval mas encontrei esta fotografia enviada pela escola e apeteceu-me pô-la aqui para animar esta 4ªfeira que está cinzenta e com sabor a 2ªfeira.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

tirada #19

- sabes que bebé é que nasceu?
- quem?
- o bebé do felipe.
- qual é o nome dele?
- arthur.
- ... podia ser um nome mais giro.
- ai é? e qual nome é que tu escolhias?
- ... francisco gato maria.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

pequenos-almoços






o meu filho pequeno, o que gosta de se sentar comigo à mesa do pequeno almoço, o que saboreia cada migalha de pão e pede queijo. o que vem sempre ver o que estou a comer.
estes bigodes não enganam ninguém.
e apesar de gostar do sossego da casa quando tomo o pequeno-almoço à janela, sozinha, é muito melhor contigo. e tenho sonho de um dia, e não só aos domingos, todos os dias nos sentarmos os quatros (ou os que estiverem em casa nessa altura) a tomar o pequeno-almoço.
adoro-te.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

tens de levar comigo, tens, tens




«Bem sei que isso é sinal de confiança.
Ele sabe que eu o adoro sempre e em qualquer circunstância e, por isso, ousa dizer uma coisa aberração destas.
Uma criança que duvida do amor dos pais não irá pôr-se a jeito do que acha que ser uma verdade. Mas uma que está super segura pode dar-se ao luxo de nos ofender assim.
O meu é para lá de confiante. E o que mais me diz coisas destas. À bruta.
Já me disse que não gosta de mim, que quando eu morresse ia poder usar o meu telemóvel à vontade e que queria mudar de família. Tudo coisinhas agradavéis para começar o dia.
É preciso um grande ego para não ficarmos no lodo com estas ofensas. É tipo os comentários anónimos: ignoram-se mas fica sempre cá alguma coisa.
Bem miúdo, é assim:
Quer queiras, quer não, tens de levar comigo. Posso ter falhas, mas dizer-te não também é uma forma de amar. Aliás a uma enorme forma de amar.
Espero também cá andar tempo suficiente para te ver escrever recados (mais) amorosos e daqueles tipo: "deixe-me 10 euros para o autocarro" e até cartas de amor para a miúda que te vai levar de mim. E, já agora, só para avisar é muito provável que o meu telefone (se Deus quiser) morra antes de mim.»

já andava para escrever sobre isto e aqui está resumido o que eu acho e sinto.
sempre que ele me testa a dizer coisas feias, continuo a responder que gosto dele na mesma e ele vai desarmando, mas sei que um dia vai dizer isto com (mais) intenção e tensão e aí vai-me doer a sério.
para já, apetece esborrachá-lo de beijos e rir.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

o fio que nos une

um dia destes, ao acordar, o joão começou a falar sobre a morte. já não me lembro porquê, volta e meia ele diz que o avô está 'morro' (morto) mas nem é assunto recorrente cá em casa.
nessa manhã, disse várias vezes que não queria morrer, com a expressão triste+assustada, e eu senti, talvez pela primeira vez, que não o podia ajudar, aliás, que era um assunto sobre o qual eu não tinha poder de decisão e fiquei pequenina.
tentei amenizar os sentimentos dele, dizendo que não ia acontecer agora nem tão cedo, que ia demorar muito tempo, que ainda temos muitas coisas para fazer, muitos mergulhos para dar, muitos gelados para comer, etc. não pude mentir quando me perguntou se eu ia morrer, não lhe posso mentir sobre isto, e novamente tentei adiar a data deste acontecimento.
e lembrei-me da primeira vez que uma criança me abordou sobre a morte e eu expliquei-lhe todas as coisas que ela tinha que fazer antes de morrer: cheguei rapidamente à idade adulta e depois comecei a inventar tudo e mais alguma coisa para atrasar a velhice, a altura supostamente mais ideal ou mais natural para morrermos. querida mecas, ao que tu me abrigas, miúda...

há dois dias, nos mimos da hora de deitar, a conversa surgiu novamente. não queria morrer, queria ficar comigo para sempre.
eu consegui responder: 
- meu amor, eu vou estar sempre contigo, sabes porquê? porque tu estás sempre, sempre no meu coração.
- e o tito, mãe?
- o tito também está sempre no meu coração.
- e o pai também. estamos todos no coração. eu estou no coração da mãe, o tito está no meu coração e no do pai. estamos todos no coração. temos um fio. temos um fio que nos liga e por isso estamos sempre juntos, sempre, sempre. 
- isso, é mesmo isso. temos um fio que nos liga e por isso estamos sempre, sempre juntos.

derreti de amor pela alusão que ele fez, percebeu perfeitamente o que eu lhe quis dizer e isso sossegou-o. e sossegou-me também.

e agora, sempre que ele tiver medo de alguma coisa, posso lembrá-lo do fio que nos une e que nos vai unir sempre.