sexta-feira, 17 de maio de 2013

subscrevo




12.5.13
[assim de chofre e em jeito de desabafo] 

Ando com este post a meio, na dúvida se o publico, ou não, há várias semanas. A verdade é que desde que li esta crónica que a ideia não me sai da cabeça.
Imagino o que os mais preocupados possam estar a pensar ao ver-me arriscar escrever, literalmente, que não quero trabalhar das 9 às 5: que eu devia era estar calada, porque se os meus chefes me lêem vão ficar mal impressionados; que eu sou pobre e mal agradecida, pois nos tempos em que correm eu tenho emprego, sou paga devidamente e a tempo e a horas, e há quem não tenha nada disso; ou que nem me passe pela cabeça deixar o certo pelo incerto. Calma, gente, não é nada disso.
Alternativas procuram-se, diz a Catarina, e eu subscrevo. Não que eu quisesse passar a trabalhar a partir de casa, não. Nem isso era possível com a profissão que tenho, nem eu me sentiria particularmente feliz. Eu preciso da dinâmica de grupo, da troca de informação ao vivo e a cores, de sair de casa para ir trabalhar. Também não escolheria um horário a tempo parcial. Feitas as contas, chegamos à conclusão que tudo o que pretendemos para as nossas vidas exige o meu salário por inteiro. O que eu gostava, mesmo, era poder ter outro horário de trabalho. Um horário contínuo, que permitisse fazer uma melhor gestão do meu tempo, reduzindo as pressas e aumentando a qualidade de vida em família. Um horário que tornasse possível eu estar mais tempo com a minha filha, com a minha família ou só comigo mesma, sem a iminência do atraso e a culpa do despacha. Um horário que nos fizesse, a todos, mais felizes.
Há países em que o horário contínuo é prática comum. Dependendo dos casos, um dia de trabalho poderá começar às 8 da manhã (ou até mais cedo) e terminar às 3 da tarde, sem interrupção para almoço. À primeira vista pode parecer estranho, mas funciona. A produtividade nas empresas aumenta e a felicidade nas famílias também. Para mim, seria o modelo ideal. Pai e mãe a revezar-se nas tarefas domésticas pois se um fica com mais tempo de tarde, outro assegura o início da manhã.
Um mês depois de regressar ao escritório depois da licença, impera uma certa frustração em não conseguir fazer tudo mais devagar. Sinto que tenho uma agenda na cabeça. O meu maior inimigo é o relógio. E eu estou sempre com pressa. Pressa para sair, pressa para chegar; pressa no supermercado, no trânsito; pressa ao adormecer e ao acordar. Tentando que a minha filha não a sinta (a pressa), acordo-a com sorrisos e mimos, deixo-a no colégio com mais sorrisos e mimos, vou buscá-la com dose redobrada de sorrisos e mimos. Mas mal viro costas, começo a correr. De segunda a sexta, o tempo é escasso e sei que roubo mais horas ao sono do que devia. Também sei que é por isso que, às vezes, tudo parece correr mal. Não faz sentido.
Se a Catarina acredita, eu acredito também. Mas, por enquanto e à falta de alternativa, preparemo-nos para a semana que começa amanhã. Com um sorriso na cara. E devagar.

PS - Entretanto, há umas duas semanas, conheci pessoalmente a Catarina. Não me desiludiu em nada. Às vezes um post não sai à primeira e este parecia estar à espera do nosso encontro.