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segunda-feira, 10 de abril de 2017

tens de levar comigo, tens, tens




«Bem sei que isso é sinal de confiança.
Ele sabe que eu o adoro sempre e em qualquer circunstância e, por isso, ousa dizer uma coisa aberração destas.
Uma criança que duvida do amor dos pais não irá pôr-se a jeito do que acha que ser uma verdade. Mas uma que está super segura pode dar-se ao luxo de nos ofender assim.
O meu é para lá de confiante. E o que mais me diz coisas destas. À bruta.
Já me disse que não gosta de mim, que quando eu morresse ia poder usar o meu telemóvel à vontade e que queria mudar de família. Tudo coisinhas agradavéis para começar o dia.
É preciso um grande ego para não ficarmos no lodo com estas ofensas. É tipo os comentários anónimos: ignoram-se mas fica sempre cá alguma coisa.
Bem miúdo, é assim:
Quer queiras, quer não, tens de levar comigo. Posso ter falhas, mas dizer-te não também é uma forma de amar. Aliás a uma enorme forma de amar.
Espero também cá andar tempo suficiente para te ver escrever recados (mais) amorosos e daqueles tipo: "deixe-me 10 euros para o autocarro" e até cartas de amor para a miúda que te vai levar de mim. E, já agora, só para avisar é muito provável que o meu telefone (se Deus quiser) morra antes de mim.»

já andava para escrever sobre isto e aqui está resumido o que eu acho e sinto.
sempre que ele me testa a dizer coisas feias, continuo a responder que gosto dele na mesma e ele vai desarmando, mas sei que um dia vai dizer isto com (mais) intenção e tensão e aí vai-me doer a sério.
para já, apetece esborrachá-lo de beijos e rir.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

a nossa equipa

I know that my work makes me a better mother and vice versa. Mindfulness is what I try to achieve in all the different aspects of my life. I try not to wear too many hats at once, but instead, remove one hat before putting on another. Trying to avoid the overlapping of all the aspects of life is almost impossible, but I find the key is to focus attention on what is the most pressing. When I feel pressured or pulled in many directions, I always ask myself what would matter most in five years. 
Christine Alcalay, mother to Thy-Lan, 13, Simone, 8, and Liem, 2.

 I’ve learned to be more focused when I’m at work and be present when I’m with my kids.
Anine Bing, mother to 5-year-old daughter Bianca and 3-year-old son Benjamin.

 But every day I get up and try to do the best I can.
Mo Clancy, mother to 7-year-old son Magellan

“I make a conscious decision to balance my time. When I’m home with the kids, my phone is away and my laptop is closed so I can really be present.”
Jenni Kayne, mother to Tanner and Ripley.

I learned that fear holds us back and that ultimately following our heart, we are always taken care of. It’s just about finding the right balance, budget, where we focus our energy, and what it is that truly makes us happy. I feel I have. As soon as I surrendered and trusted, things seem to fall into place. I certainly still have growth and challenges, it’s an ongoing process. But it’s all a part of growth and worth it.”
Angela Lindvall, mother to 14-year-old son Dakota and 11-year-old son Sebastian.

I try to embrace what each day brings. Some days I’m fully present, others I can’t get anything done. I no longer have any expectations and just roll with it. I find comfort and balance in that.”
Amanda Chantal Bacon, mother to 5-year-old son Rohan.


depois da manhã de hoje resolvi agarrar neste artigo que estava guardado há uns dias. confesso que é um tema que me interessa mas ao mesmo tempo um que não me diz muito, contraditório eu sei. mas eu explico: por um lado interessa-me saber como os pais fazem para organizar a vida familiar, como são os dias, as rotinas, as boleias, as comidas. há sempre truques e dicas úteis. por outro lado, acho que temos uma boa equipa montada  lá em casa e na grande maioria dos dias corre tudo bem. quase, quase que podia dizer todos os dias, mas é óbvio que há dias em que a coisa descamba, eles não tomam banho, a comida é comprada feita e adormeço com eles na cama. e o que interessa, no fim, é que estamos juntos e amanhã é diferente. 

hoje de manhã foi um desses episódios menos fixes. tive que mandar o pai seguir com o mais novo para a escola, que, by the way, foi escolher sozinho, à gaveta, o gorro que queria levar, disse-me um adeus fofinho à porta do elevador e lá foi feliz da vida. dizia eu, tive que mandar o pai avançar porque o joão estava em transe. birra monumental, por tudo e por nada: porque a manga da camisola estava a sair para fora da manga do casaco, porque queria levar dezenas de brinquedos e tralhas para a escola, porque queria bolachas, porque não queria leite nem iogurtes, porque não queria ir à escola. tudo, mas tudo serviu de pretexto para bater com os pés, para gritar e para chorar. e se eu consegui manter a calma a maior parte da cena, lembro-me que cheguei a dizer (em desespero de causa) que ele parecia uma miúda a guinchar. eu, que tento sempre não fazer juízos baseados no género, euzinha. caramba, aquilo saiu feio, mas saiu depressa e foi irracional... tal era o desespero. estou de certo modo descansada, e orgulhosa, posso dizê-lo abertamente, por não me ter passado, por não lhe ter dado nenhuma palmada, apenas um ligeiro apertão para lhe exigir que parasse de gritar no átrio do elevador. mandei o pai embora e entrámos novamente em casa. poisei a carteira e os sacos e inspirei fundo, bem fundo. estava tentar perceber o que é que aquele miúdo, o meu filho de 4 anos me queria dizer com estes gritos, estes pontapés, este desespero. não percebi, mas conseguimos sair de casa passado pouco tempo, mais calmos, com um iogurte líquido e uma palhinha, ainda ia havendo drama porque não tinha tirado a tampa toda do iogurte, mas chegamos ao carro. o caminho para a escola foi quase todo em modo-amuado mas depois saquei de mais um truque e chegou entusiasmado e a rir-se à escola. valha-nos os cd's de boa música e as brincadeiras-cumplicidades parvas e só nossas. 


comentei com a professora brevemente que ele anda zangado e que se irrita-me muito facilmente e ela confirmou que também já notou isso. temos reunião na 2ªfeira e vamos falar sobre estes episódios. somos uma boa equipa também e isso dá-me muita segurança e certezas. 

agora vamos animar que é 6ªfeira, há jantar fora logo à noite, com amigos num sítio da moda e temos dois dias inteiros para a equipa melhor de todas - a nossa. 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

terapia do abraço


«É o remédio caseiro mais eficaz para tantas maleitas cá de casa. Cura doenças, cura asneiras, cura injustiças, cura feridas, cura a falta de tempo e de paciência. Cura a personalidade. Cura corpo e mente. Cura tanta coisa. A mesinha perfeita que tento por tudo usar e abusar em todos os momentos.
O abraço é quente, é forte, é confiante, é estável, é eficaz. Um abraço é tão pouco e é tanto.
A terapia do abraço não tem regras.
Só preciso esquecer o meu ego, a minha fúria, tristeza ou cansaço e abrir os braços. Não é difícil, mas às vezes, tenho de fazer um esforço para os descontrair. Estão firmes com as provações dos dias. Relaxo. Respiro. E procuro em mim a menina que procura compaixão.
E feito isto, é esperar que de lá chegue a maior empatia. [Que chega.] Chega o arrependimento e a vontade de se ser melhor.
O abraço não tem idade, não tem tempo, não tem limites.
Filho doente vive abraçado, apertado, embalado. [É o tal amor que cura.]
Filho zangado precisa de um abraço, mesmo que me apeteça a velha fórmula de zangar-me e pôr de castigo. Esse afastamento, inverso ao abraço, não resolve nenhum coração ferido, machucado, amassado.
Manhãs caóticas devem ser polvilhadas a abraços, apertados pelo tempo e pelas pressas, Mais apertados do que a zanga de abotoar os sapatos. Sempre preparados como a mochila do dia seguinte. [Não me posso esquecer.]
O abraço que desculpa, que perdoa, que motiva, que traz confiança.
O abraço tem nele respeito, tem entendimento, tem atenção, tem carinho, tem afeição. O abraço engloba e não afasta. O abraço forma, molda e adapta. O abraço une-nos.
Tenho de abraçar a asneira como abraço os talentos. A birra como abraço a alegria. O mau como abraço o bom. Com a força de que vai sempre ser melhor.
Tenho de abraçar quando estou atrasada, atarefada, assoberbada, tal como abraço quando estou relaxada, descansada e disponível.
Sei que desse calor nascem coisas boas, como uma semente, que não deixo ao acaso, e que espero ver crescer com raízes fortes e íntegras.
Tenho de fazer todos os dias as pazes com o abraço e abraçar-me, às vezes, também.»

é o texto perfeito para começar o ano. 
serviu-me que nem uma luva feita à medida, um gorro quentinho amarelo ou umas meias fofinhas ou bolo de chocolate.
tenho pensado muito nisto e feito ainda mais mas sei que posso fazer ainda melhor.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

se não ouvires, a vida passa a correr

muito poético o título mas é para não me esquecer que, de facto, isto acontece. no ram-ram do dia-a-dia, é tão fácil deixar-mos passar coisas importantes só porque eles nos estão a chamar pela 125.789 vez! e foi isso que aconteceu no outro dia.

estava na cozinha a preparar o jantar e a dar um jeito a tudo o que há sempre para fazer naquela altura do dia, quando oiço o mais novo a chamar por mim: 'mamã, mamã'. percebi que andava ali a rondar, como é costume a ver se lhe calha alguma comida e a voz continuava a chamar. às tantas liguei o mute e já era barulho de fundo.

quando voltei a olhar para ele, estava em cima do banco de apoio, apoiado na bancada e tinha descascado sozinho uma banana e estava a comê-la, com o ar mais triunfal do mundo.

e eu encolhi-me e pensei: 'caramba...'.

terça-feira, 5 de abril de 2016

de onde é que isto veio...

ontem gritei para o joão como não me lembro de alguma vez ter gritado para alguém.

eu sabia que o grito, aquela angústia, não era para ele. era o meu interior mais profundo a pedir colo e a maneira que encontrou foi expulsar a má energia na cara do me filho. 
ele tremeu e eu fiquei a sentir-me melhor... no imediato. mas hoje não consigo pensar noutra coisa se não na cara dele a olhar para mim, a expressão a tremer. 

à hora de almoço li um post sobre slow living e pensei que fazia e faz todo o sentido. a par do não falar sobre dinheiro é uma das coisas que tento praticar no meu dia-a-dia. e depois, chego a casa sozinha, com jantar e tudo por fazer, pai atrasado, dia cinzento e chuvoso, cama por fazer, roupa amontoada no chão do meu quarto, filhos carentes a pedir colo, o novo horário a pesar nas costas (já falarei disso noutro dia), a vontade de desligar, brincar com eles, dar-lhes banho para ficarem a cheirar bem e irmos jantar todos felizes, joão a demorar mais de uma hora (sim, U.M.A hora para comer a sopa), francisco a chorar com fome e atolado em sono... tudo isto e eu a precisar de um abraço, de uma mão no ombro a dizer que vai correr tudo bem...

fiquei amuada, triste e também zangada. 

ele acabou por fazer xixi na nossa cama às 3h34. é a resposta biológica ao que não consegue expressar.

depois recebi um email da boss  com o manifesto 'berra-me baixo'. reenviei-o ao pai que me respondeu com uma declaração de amor à nossa família. e, assim, sem mais, tudo voltou a fazer sentido.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

a chucha já era

 esta é a última fotografia dele com chucha, dia 24 de janeiro de 2016.
no dia seguinte pedi a chucha e o óó para dar ao pai natal e ele, muito despachado, enquanto se preparava para ir fazer xixi, passou-me os seus tesouros para a mão e disse: 'toma, podes dar', repeti a pergunta só para não haver mal entendidos e ele reforçou o sim.
boa, temos aqui a oportunidade que queríamos. escondi logo as coisas na gaveta da minha cómoda e estão lá até hoje (acho que as devias lavar só para não apodrecerem de tanta baba e ranho que têm).

nesse dia à noite perguntou pelas coisas e eu respondi que o pai natal tinha levado porque ele me tinha dito. ele fez uma cara de encolher de ombros virtual, como quem diz, sim, é verdade e resignou-se. adormecer sem fitas e sem choros, serenamente. foi um milagre.

saí do quarto e peguei imediatamente do telefone para procurar uma loja de brinquedos aberta até tarde, para arranjar o que tínhamos combinado, o pai natal levava a chucha e deixava um brinquedo. lá foi o pai em busca do comboio thomas. trouxe esse e dois amigos e na manhã seguinte era natal outra vez.

as noites seguintes foram tranquilas e agora passado quase um mês continuam a ser. perguntou um, duas vezes por elas e nada mais. no outro dia perguntou só pelo boneco, mas acho que era um teste, tipo tenho saudades dele e é só para ver se a história se mantém.

tal como no desfralde, reafirmo: não temos que forçar nada, eles é que sabem quando estão preparados para crescer.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

somos todos bombeiros

por estes dias lá em casa somos todos bombeiros.
o joão é o sam (óbvio!), eu sou a patrícia, o pai é o chefe e o francisco é o elvis.
e ele encarna tanto e tão bem estas personagens que diz coisas como: 'patrícia, o elvis está na casa de banho.' ou 'chefe, anda cá ver uma coisa.'. é hilariante! 

ps: não se mascarou de bombeiro, era demasiado óbvio e esta panca chegou tarde demais. bem que andou a cobiçar um chapéu de bombeiro que viu na escola e que ainda tinha o preço (1€), o que me fez ainda ponderar ir procurar um maaaassss... já tinha outros planos.

ps: entretanto um colega da escola, sabendo da sua devoção profissional, deu-lhe um chapéu de bombeiro, porque tinha dois em casa. derreti de amor por esta atitude (editado após o carnaval)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

é uma idade extraordinária

«Depois da exuberância dos 2 anos de idade, os 3 chegam com outro tipo de desafio.

São birras diferentes, que nos mostram, na maior parte dos casos, uma criança bem mais frágil e, simultaneamente mais agressiva.
Muitos pais questionam-se acerca da auto-estima da criança e fazem bem porque ela começa a ganhar uma consciência de si mais forte e, ao mesmo tempo, sente as emoções à flor da pele mas ainda não sabe lidar com a avalanche daquilo que sente e que lhe acontece.
Esta é, por isso, a altura ideal para começar a trabalhar não só a questão da auto-estima como também a literacia emocional.

Aqui ficam algumas dicas:
1. Quanto mais experiências positivas a criança tiver, mais forte será a sua auto-estima. E atenção - como positivas eu não quero dizer boas. A experiência pode ser má mas a forma como a criança vai olhar para ela (e aqui entramos nós para a encaminhar nesse olhar) fará dessa uma experiência positiva, entendes?

2. Literacia emocional - no meu livro Criança Felizes - o guia para trabalhar a autoridade dos pais e a auto-estima dos filhos, dedico um capítulo inteiro a este assunto. O que é a inteligência emocional? É a arte de tomar as melhores decisões. E nós só tomamos boas decisões quando sabemos o que sentimos porque todas as decisões são emocionais. Inteligência emocional é gerir as emoções porque não escolhemos o que sentimos mas podemos escolher a forma como reagimos ao que sentimos. E sim, claro, já estás a ver onde entra a literacia - é dando nome ao que sentimos que estamos a dar o primeiro passo para a gestão. Pega no livro e aproveita para trabalhar este tema com os teus filhos! Tão essencial!

3. Aos 3 anos é normal os miúdos choramingarem por tudo e por nada. Literalmente! Respira! Faz parte. E agora que sabes que faz parte, vais ajudá-lo. Como? Acolhendo os sentimentos e depois pedindo que te peça o que deseja num outro tom de voz.

4. Aos 3 anos é normal os miúdos preferirem uns tempos o pai e depois só a mãe. Não leves a peito, é mesmo assim. Eles estão a lidar com emoções tão intensas que numas fases sentem-se mais protegidos com um do que com outro. É com eles, não tem nada a ver contigo.

5. Aos 3 anos é normal a criança estar mais agressiva e zangar-se com facilidade. Diz-lhe que não deixas que ele te faça mal, nem ao mano. Acolhe as emoções e ajuda-o a ter outro comportamento. Diz-lhe, com todas as palavras, o que se espera e o que não se pode fazer, como morder. Aliás, o morder pode voltar a aparecer nesta idade. Porquê? Porque tem a ver com a intensidade daquilo que ele sente E também com a incapacidade que o teu filho ainda pode ter em exprimir-se. Diz-lhe que não se faz e sempre que vires que pode voltar a acontecer, muda-o de sítio ou de brincadeira. Não deixes a situação descarrilar. Prometo-te uma coisa: passa.

6. Aos 3 anos é normal os miúdos terem muitos amigos. Estão a descobrir quem são. Promove as amizades.

7. Aos 3 anos os miúdos começam com muitos porquês. Ainda não entraram a sério na idade de quererem mesmo explorar mas adoram fazer perguntas e falar - a linguagem é agora uma grande aquisição. Explora tu isso, também!

8. Aos 3 anos os miúdos têm uma fragilidade óbvia. Dá-lhes mimo e colo sempre que te for possível e lembra-te sempre disto: mimo a mais não estraga. O que estraga é a falta de limites. Aos 3 (e em todas as idades) eles precisam de mimo mais do que nunca porque se estão a descobrir, porque estão a descobrir quem são e o que sentem. E precisam mesmo muito que os acompanhes nesta fase.

É uma idade extraordinária!»

depois da reunião com a educadora no início da semana, ler isto fez com que as peças do puzzle se encaixem ainda mais. 
ele precisa de colo, precisa de mimos, precisa de ter a certeza absoluta e inabalável que eu e o pai gostamos dele e vamos estar sempre ao seu lado, seja para lutar com os super-heróis e construir pistas de comboios, seja para ensinar a comer com os talheres, seja para dizer pela centésima vez que não se pode deitar em cima do irmão (pelo menos enquanto ele for bebé).
e sim, é muito chato, pedires tudo a choramingar, mas eu gosto de ti à mesma. 




domingo, 1 de novembro de 2015

a lista podia continuar mas ainda bem que o dia acabou



+ xixi na cama 
+ xixi no sofá
+ empurrou o F fora da cama
+ xixi no carro
+ comeu um lápis
+ riscou o sofá

sim, foi tudo no mesmo dia.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

grande começo

porque é que eu não susbtituí o resguardo da minha cama, sabendo que estava a desintegrar-se e sabendo que o mais velho anda descontrolado? porquê, porquê, porquê?...

já tinhamos arriscado algumas vezes. chegámos a ir pôr resguardos descartáveis debaixo dele numas sestas. ainda bem que aconteceu agora, em pleno outono, com chuva e humidade.

a melhor parte? estavámos os quatro, os QUATRO, na cama e ninguém reparou! o joão aninhou-se entre nós, o francisco já lá estava e de repente, quando me levantei senti o pijama encharcado. praguejei com o mini por ter rebentado a fralda e ups... era pior ainda.

raisparta o rapaz que anda maluco.

e hoje à noite chamou-me e depois calou-se. quando fui ver o que se passava enfiei o pé numa poça de xixi. nem vou escrever aqui o que me passou pela cabeç, não vou. mas acrescento que os lençóis e o pijama pingavam. a que horas? eram seis da manhã. seis. e tinha os dois pirralhos a rir na minha cama, na primeira noite de nove noites que o pai está fora.

'bora lá 2ª feira!

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

carta ao joão



meu querido joão,

esta carta serve para te explicar algumas coisas que eu quero deixar escritas agora, para tu leres mais tarde. algumas destas coisas já te disse mas quero mesmo que as saibas daqui a uns anos e que nunca te esqueças delas. 

estes dois meses foram difíceis, diria mesmo que alguns dias foram muito duros, principalmente para ti e para mim. a verdade crua, meu querido, é que estou cansada, quase esgotei a bateria, a física e a emocional nesta coisa que é exercer a maternidade a solo. 

como sabes o pai faz vinho e todos os anos por esta altura enche-se de horários loucos, centenas de quilómetros portugal acima e portugal abaixo, noites fora, viagens de avião e dias inteiros fora, sem fins-de-semana. são mais de dois meses de agitação e desafios. para ele também, porque cada vez é melhor naquilo que faz, o que me deixa orgulhosa. também vais sentir isso daqui a uns anos, aliás já o demonstras bem quando dizes que queres ir para o trabalho do pai fazer vinho. ele precisa saber disso, joão, precisa de saber que nós o apoiamos e que gostamos mais dele ainda. 

mas tudo o resto fica comigo. as refeições, as boleias, as intermináveis pilhas de roupa e de loiça, a natação e a escola, as birras, os banhos, as reuniões de pais, as asneiras, as brigas. é uma gestão emocional brutal, e eu, que até aqui tinha levado as vindimas pacificamente, nesta 11ª edição cedi. e ao ceder, não tenho a mínima vergonha de o admitir, quem levou por tabela foste tu. tu que já falas e sentes e reclamas. tu que já és uma mini-pessoa. e às vezes eu esqueço-me disso e faço algumas coisas que não devia fazer. porque tu já percebes tudo e ficas zangado comigo. 

quero pedir-te desculpa pelas palmadas que te dei, a mão foi mais rápida que a minha cabeça e eu precisava de deitar a frustração cá para fora. 'não se bate, mãe' dizes tu com um ar muito sério. tens razão, joão, não se bate. e a mãe bateu-te mais do que queria, as quatro ou cinco palmadas que levaste pelos pulos do sofá ou pelos empurrões ao teu irmão são sempre a mais. 

ontem na escola ficaste a pensar na vida, sentado num banco, a versão moderna dos castigos, porque bateste nuns quantos colegas com os carros. e fizeste xixi nas cuecas duas vezes. isto para mim, ao ver-te chorar quando me viste a chegar à escola, foi um aviso, daqueles sonoros e luminosos que não conseguimos mesmo ignorar.

precisas de mimo, precisas de colo, precisas de mim e do pai. e também precisas do mano, eu sei, porque assim que te levantas da cama vais espreitar a cama dele. 

vou-me esforçar ainda mais, vou-te abraçar mais ainda, dar-te mais beijos, berrar baixo e não ameaçar. quero levar-te na boa, sem tensão, com muita cumplicidade e empatia. 

nunca te esqueças que, tal como na fotografia, vou olhar sempre por ti e para ti, sempre, mais infinto e mais além.*

* - agora andas na fase do buzz lightyear, por isso é uma piada de agora. 

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

as consequências de não dormir a sesta

no outro dia o joão não queria dormir a sesta. usei todos os truques, saquei dos trunfos e nada. o miúdo não queria dormir.

uma manhã no parque e almoço fora com a avó não foram suficientes para esgotar a energia do rapaz.

sem saber o que fazer mais, e vencida pelo cansaço, deixei a avó intervir. passado uns minutos vem do quarto com a chucha e o ó-ó, dizendo que iam para o lixo conforme combinado com o joão. ele tinha escolhido não dormir e sesta em vez dos seus tesouros. espantada, sorri e antevi a rambóia que ia ser o resto do dia.

logo ali ficou decidido que nesse dia ele ia dormir sem chucha e afins, tinha que ser coerente, eu, e tinha que aprender as consequências das suas escolhas, ele.
sem o pai por perto, previ uma batalha das grandes mas, novamente, enganei-me.

ao deitar perguntou por eles, quis saber e eu expliquei uma e outra vez que tinha sido a sua escolha, a avó tinha levado as coisas para o lixo. parou para pensar e aceitou. em menos de dois minutos estava a dormir. a rebentar de orgulho dei-lhe um melhor beijo de boa noite e saí de mansinho.

tenho aprendido tanto com o meu rapaz. e novamente tenho a certeza que estou, estamos, no direcção certa. 

aprender a dormir

quando veio da maternidade para casa o joão já dormia 6-7h de noite. aos seis meses dormia 12h. na minha cabeça nunca lhe ensinei isto, simplesmente ele era assim. sorte, muita sorte sempre me disseram. e eu acreditei e agradecia.

venha o cliché dos clichés que 'eles são todos diferentes' e toma lá um filho que aos oito meses acorda normalmente mais que uma vez durante a noite. sim, já fez noites inteiras, até já dormiu dez horas seguidas. mas o francisco está a questionar tudo o que eu (achava que) sabia fazer. 

ele sabe e consegue dormir uma noite inteira, pelo menos entre a meia noite e a manhã, já o fez alguns dias seguidos. mas desregula-se com facilidade e as noites são sempre uma surpresa. tipo rifas da quermesse. 

agora está a dormir desde as nove, mais coisas menos coisa, até à meia-noite, depois mama e é até às 6h. não é espectacular mas está a adormecer sozinho a seguir ao jantar. 
qualquer dia junta-se tudo, vamos por etapas e lá chegaremos. 

enquanto isso não acontece eu e o pai andamos a fazer curto circuito. 

terça-feira, 18 de agosto de 2015

três em um

um dia, três situações deliciosas.
isto aconteceu tudo no mesmo dia, há cerca de três semanas.

 + pilhas da televisão
queria ver desenhos animado, como sempre ao final do dia. resolvi inovar e disse que a televisão estava estragada, sem pilhas. aceitou e foi brincar.
mesmo antes de jantar, enquanto andava atarefada a preparar tudo, resolvi que a televisão já tinha pilhas para funcionar. disse-lhe, depois de mais um pedido, e ele abraçou-se a mim e disse 'obrigada, mãe, obrigada.' e começou aos pulos, feliz da vida.

+ praia na banheira
ultimamente quer tomar banho na banheira do irmão, a mesma banheira cor-de-laranja onde eu e os meus irmãos tomámos banho. tenho deixado que fique entretido a brincar e fico atenta aos barulhos e às conversas com os animais e os barcos. 
estava na cozinha a preparar o jantar quando deixei de o ouvir. fui, confesso que um pouco aflita, ver o que se passava. chego à casa-de-banho e apanho-o deitado na dita banheira, submerso quase na totalidade, de barriga para cima, pernas encolhidas e olhos fechados.
- 'joão, o que estás a fazer?
- estou na praia, mãe. podes ir.'

+ bolo em vez da chucha
fizémos um bolo para ele levar para o piquenique da escola. quis comer mais bolo antes de jantar e eu disse-lhe claramente que não. às tantas a insistência foi tanta que resolvi testá-lo.
- 'joão, se comeres mais bolo agora não vai haver chucha.
- está bem.
- estás a perceber o que estou a dizer?
- sim.
- então, queres o bolo ou a chucha?
- bolho.
- tens a certeza? olha que não há chucha...
- está bem.'
e assim foi, deixei-o comer mais bolo e guardei a chucha.
quando chegou a hora de deitar, perguntou por ela. reagiu logo a chorar e estive mais de 10 minutos a relembrar o que tinhamos combinado. entre lágrimas, só pedia a chucha. custou-lhe muito admitir o que tinha escolhido, mas depois da minha insistência e da pergunta clara, ele acabou por admitir que tinha escolhido a chucha. 
e eu dei-lha. foi tão valente.


e assim tenho aqui um rapaz, decidido e amoroso.
estamos no bom caminho.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

1ª semana longe de mim

na semana passada o joão ficou com os avós paternos. uma semana inteira, sim, pela primeira vez. 
já tinha ficado longe de mimum fim-de-semana no primeiro ano, depois meia semana no segundo ano e desta feita, por insistência do pai - que diga-se usou a minha sensibilidade hormonal, que só tenho quando quero, também é verdade.
ele puxou do argumento do meu regresso ao trabalho - sim, passados 8 meses, voltei (assunto para mais tarde falar), juntou-lhe a entrada do mini na escola, do tempo para nos organizarmos e da necessidade alérgica do miúdo fazer praia. sim, tem, aliás teve razão, era o que fazia sentido.

quando o deixámos no domingo, achei que ia fazer um drama, ele, não eu e foi um bocado ao contrário. ele ficou sossegado ao colo da avó e eu comecei a chorar por trás dos óculos escuros. estava meio apreensivo mas não fez fita. um orgulho!

passou lindamente a semana, sempre que falava ao telefone com o pai perguntava logo por mim e pelo irmão e os relatórios diários foram relativamente completos.

a semana passou a correr, de repente não fizemos nada do que tínhamos planeado, como ir ao cinema e ir jantar fora... que galo! o pai estava mal do estômago e da garganta e o mini apanhou uma gastroentrite logo na 4ªfeira. argh... já tinha escolhido o filme e o restaurante e nada de nada.

só no sábado tive 'autorização' para ir comer fora e só no nesse dia fizemos alguma coisa de útil lá em casa. deu um acesso de dona-de-casa ao pai e toca de arrumar e despachar os últimos caixotes e fazer as últimas mudanças. e eu a pensar que ia a correr buscar o tuca, toma lá, que vais acartar uma cómoda pelas escadas acima!

bom, no domingo lá fomos e eu estava ansiosa, confesso, muito ansiosa para ver a reacção do joão.
quando me viu abriu os olhos, sorriu, começou a correr para mim de braços abertos, lançou-se para o meu colo e agarrou-me com força. cheirou-me, olhou-me, voltou-me a agarrar e a olhar. parecia que estava a verificar se era mesmo eu. aninhou-se no meu pescoço e deixou-se ficar. assim, calmo, sereno mas muito feliz. e eu senti-me a pessoa mais importante e feliz deste mundo e de todos os outros mundos. foi das melhores, mais fortes e mais compensadoras sensações que tive. 
não chorei. consegui absorver tudo e guardar para sempre.

o mini quando viu o irmão ficou de olhos arregalados, a ver o nosso reencontro e a sorrir. diz o pai, porque eu só tinha olhos para o joão. 

o que concluo desta experiência é que o ditado popular 'longe da vista, longe do coração' é extremamente verdadeiro.


terça-feira, 4 de agosto de 2015

empatia

Tell us about that first concept: Using language choice to teach empathy.
“The first thing that is crucial to remember when teaching empathy is that our children are mirroring us. The kind of language we use is so important. How do you describe others? Are you understanding or judgmental? Tolerant or shaming? These are all things children are copying. Talking badly about others in front of kids and saying things like ‘She is mean,’ ‘He is selfish,’ ‘She is so annoying’ is not empathic language because it isn’t recognizing the emotions behind the action—it’s labeling. In Denmark, you almost never hear parents talking negatively about other children in front of their children. They are always trying to find ways to get their children to understand another child’s behavior without a negative label. If you remember that all children are fundamentally good and there is a reason behind all behaviors, this helps us naturally find the good in others. This makes us feel better because it teaches ‘reframing’—another Danish Way concept that improves happiness. We can help our children find the reasons behind the labels ‘He is annoying? Do you think maybe he is hungry? Or could he be tired because he missed his nap? You know how it feels be to be hungry and tired, right?’ ‘She is mean? It sounds like she had a bad day at school. The other day you said she was sweet. She is actually sweet, right?’ Helping children understand the feelings behind behaviors and leading them to a kinder conclusion is teaching empathy. It operates on the same neural pathway as forgiveness and it fosters more trust, cooperation, and a much better sibling relationship if you have more than one child. And don’t forget that parents have to have empathy for themselves sometimes, too. Parenting is hard and we don’t always get it right and that’s ok. Being understanding and forgiving of ourselves makes us better at forgiving our children and others.”
Explain the concept of self-regulation.
“Before we can be good at recognizing the emotions of others, we have to be able to understand our own emotions. Parents sometimes tell children what they think they should or shouldn’t feel. They override them. If they are sad, angry, hungry, cold, or upset, some parents tell them ‘No, you aren’t,’ ‘Don’t be sad,’ ‘You have no reason to be angry,’ ‘You should be hungry, eat!’ Telling children how they should feel is not letting them learn to self-regulate their own feelings. As parents, we have to give our children trust so that they can learn about their own emotional boundaries. This builds a stronger sense of self, which is paramount to self-esteem down the road. When they are older they will be less afraid to say ‘no’ when their boundaries are pushed because they will trust themselves to make the right decision based on what they feel. This is such an important lesson to teach children. We can help them with the language use, but we need to trust them so they can trust themselves. Remember, there are no good or bad emotions. There are just emotions.”
Finally, what kind of stories can we read our children to help teach empathy?“Read all kinds of stories to children, not only happy ones. Talking about difficult emotions in books can be a fantastic way to build empathy. Many Danish children’s books are shocking by American standards with the topics they cover, but studies have shown that reading about all emotions increases a child’s ability to empathize. The original Little Mermaid, which is a Danish story, doesn’t get the prince in the end, but rather dies of sadness and turns into sea foam. That opens up quite a different kind of discussion! But it is incredible how receptive children are. They want to talk about all kinds of things. It seems to be more difficult for adults sometimes than for children. Remember, they are mirroring our discomfort. If we talk about life’s peaks and valleys in a non-dramatic way, our children will be more resilient in the long run. Books are a great way to teach empathy.”

domingo, 14 de junho de 2015

ainda bem que este dia está a acabar... o joão estava irreconhecível, como nunca o vi e foi muito, mas mesmo MUITO difícil aguentar tanto grito, tanta birra, tanto não. 
quando fez xixi no chão pela segund vez no espaço de uma hora achei que a bolha ia rebentar de vez.

só pensava 'não foi para isto que me inscrevi!'.

ainda bem que este dia acabou.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

corre corre corre

já por diversas vezes o joão resolveu começar a correr rua abaixo quando estamos mesmo a chegar a casa. sai disparado e eu, como agora carrego o mini no marsúpio, não consigo disparar a correr atrás dele. 
chamo, chamo mais alto e grito e o gaiato não pára, não abranda e continua. 
já lhe disse várias vezes que quando eu o chamo ele tem que parar, olhar para mim e ver o que se passa, ouvir-me. 
quando finalmente chego ao pé dele, só me apetece abaná-lo, sacudi-lo, dar uma palmada, e muitas vezes digo coisas à bruta. fico mesmo assustada e é uma forma de descarregar. 

esta atitude nunca surtiu efeito e cada vez ele corre mais rápido e eu fico mais assustada e o mini anda aos solavancos rua abaixo. 

até que ontem lembrei-me de lhe contar uma história ao deitar sobre um menino chamado joão que fugia da mãe, que ficava muito assustada e triste, apanhava um susto com um carro e pisava cocó. 
ele fez várias perguntas, repetiu a história. 

hoje de manhã acordou a falar nisso, no carro que batia no joão, o que prontamente eu corrigi dizendo que o carro pregava um susto ao joão. depois falou do cocó. e eu reforcei que a mãe fica triste quando isso acontece. 

vou repetir a história para ver se entra naquela cabecinha que não pode desatar a correr desenfreado. o meu coração não aguenta este stress. ou isso ou passa a andar de trela. 

hã?

há uns dias que o joão, quando não percebe o que lhe dizemos, responde com um 'hã?', bem interrogado. 
o que nas horas de ralhetes e pedagogia resulta em vários monossílabos seguidos. isto começou a incomodar-me e hoje ao jantar comecei a dizer 'não se diz hã, é feio. podes dizer 'diz' ou 'não percebi'. 
às tantas eu digo 'hã?', o rapaz estava a falar de boca cheia, outra coisa que tenho que resolver a seguir. 
o que é que d.joão responde prontamente: 'não se diz hã, mãe, é feio'. 
hã?! afinal ele ouve o que eu digo! 

sexta-feira, 6 de março de 2015

não me apanhas desprevenido

ontem, enquanto esperava pela colher que nunca mais chegava para comer a sopa ao almoço, o João resolveu começar a comer com a língua. tipo cão... não sei onde terá aprendido esta mas isso agora não interessa nada.

a educadora viu e chamou-o, explicando que não se faz, etc., etc.. de seguida levou-o para a casa-de-banho para lavar a cara. e foi orientando as limpezas: lava a mão, lava a boca, o nariz, o queixo...
ele olhou para ela, muito espantado, baixou os olhos, olhou para ela outra vez... e começou a lavar o joelho!