quinta-feira, 28 de agosto de 2014

está tudo bem

publico hoje dois textos que estavam em rascunho há 3 meses.
hoje já são 20 semanas e está tudo bem.


texto escrito dia 22 maio
hoje fiz um teste de gravidez, eram 7h.
no fundo acho que já sabia o resultado, era para ter uma confirmação.
o coração batia forte e alto, parecia que ia saltar do peito. mas ao mesmo tempo estava calma. acho que fiz o maior sorriso possível quando vi as duas tiras, de tão rápido que elas apareceram. eu sabia.
agora, o pai está no japão, só volta daqui a uma semana. e a história repete-se, ele não estar quando eu descubro. 

fiquei abananada. isto fugiu ao meu, ao nosso, planeamento. era suposto engravidar este ano mas mais para o verão. este que aqui está vai nascer em pleno janeiro! argh, que saga! perto do natal e no frio e chuva. mais um que não vai ter festas de anos no jardim! 
este pensamento parvo é o que mais me apoquenta neste momento. acho que é o meu cérebro em adaptação.

também já pensei que isto não vai correr bem, que vou saber que está qualquer coisa mal, como da primeira vez. 

mas o que mais me atormenta é o meu coração já se ter partido em dois, uma parte do joão e outra desta ervilha. e sinto uma quase tristeza, como se estivesse a trair o joão, como se estivesse e fosse gostar menos dele, porque me vou dividir.
o meu coração vai aumentar ou vou mesmo gostar menos do meu filho?

texto escrito dia 26 maio
já passaram 4 dias desde que descobri que estou grávida. 
parece uma eternidade por vários motivos: só eu é que sei, o diogo está do outro lado do mundo e nem sonha com isto, esta coisa de solo parenting ocupa os dias a dobrar, a triplicar, eu sei lá e o meu humor não anda nos seus melhores dias. sinto-me irritada, ansiosa, talvez.

estou completamente borrada de medo de ter dois filhos, não me sinto capaz de dividir nada, nem a mim, nem a casa, nem o meu filho. é aquela sensação de traição que já falei. talvez me sinta assim porque fui completamente apanhada de surpresa. já tínhamos falado de ter outro filho, de engravidar este ano, mas seriamos nós a decidir quando. não era suposto ser assim, de supresa, de repente, ainda por cima com o pai tão longe! 
já quando foi do joão ele estava na borgonha. consegui guardar segredo uns dias, agora só faltam mais 4 dias. sigh...

depois tenho pensado muito no que aconteceu na primeira gravidez. no emoção inicial do teste e da primeira ecografia e depois no choque de frente na ecografia seguinte. às vezes penso que vai acontecer o mesmo, mas que vou saber mais cedo, que isto não vai para a frente, por medo, por estar sozinha agora, por querer cá o diogo. e é mais do que pensar, é quase acreditar que vai acontecer, seja porque temos meio planeta de distância, seja porque não fomos nós a decidir, seja porque quero um bebé de verão, seja porque quero o joão só para mim. estou mesmo negação!

ninguém me avisou que engravidar depois de ter um filho era esta grande confusão!