terça-feira, 7 de março de 2017

pardalito madrugador





acordei ainda era de noite. falta de espaço, a cama que era de dois multiplicou os ocupantes devido a cenas várias que incluiram pesadelos, pedidos para xixi e preguiça dos pais.

achava eu que tinha pelo menos meia hopra até o pardalito dar pela minha falta, quando ouço a luz do quarto deles a acender. vou lá e vejo o dito pardalito a atirar a chucha para a sua cama e a voltar todo decidido. deu pela minha falta na cama.

passado pouco tempo estavamos os dois à janela, a olhar para o dia que acabara de nascer, numa luz que anunciava um dia mais quente e limpo. 

ele observou tudo. viu os aviões -'gaaandes' e 'caninos', viu os carros, os 'paxaínhus', 'o métu não' - pois, ainda é cedo para o metro. disse que era o 'fancicu lópiss', fez as melhores e mais apetitosas caras e eu só queria congelar estes minutos para sempre. quis - novamente!- ter uma máquina de filmar incorporada dentro de mim para isto não se perder nunca. e pensei: é mesmo isto! é para isto que somos pais! para estarmos às sete e pouco da manhã, à janela a ver o dia nascer, com o nosso filho de dois anos a conversar sobre tudo e sobre nada. é mesmo isto!... desejei nunca mais sair dali, daquelas duas cadeiras.

entretanto apareceu o outro ninja, com um olho aberto e outro fechado, com penteado de almofada e o pardalito olha para ele e diz: 'xôdadis tuas, xuão.' e faz-lhe uma festa na cara. 
pronto, cascatas de nutella em cima do bolo, perfeito, perfeito, perfeito!