quarta-feira, 29 de julho de 2015

tentei esconder-me atrás de um tremoço


«Em dois dias, já tentei a teletransportação para as Maldivas, tentei a alienação no fundo de um copo de tinto, tentei esconder-me atrás de um tremoço, tentei fingir, enquanto dormia, que os gritos das crianças eram bandos de meninos thaitianos a acelerar passo na beira mar. Mas quando me vi de novo a descamar o peixe, a pendurar o fato de banho encharcado, a escorregar no piso molhado dos pézinhos pequenos....chorei? Não. 

Gritei? Quase. Suspirei. É mais romântico e menos agressivo para as crianças. 
A malta dá sempre a volta: cozinha todas as vezes que eles comem, dobra todas as vezes que eles mandam para o chão, apanha sempre, classifica mergulhos com a autoridade de um professor de natação, enche copos como um barman em casamento, estende toalhas várias e domina todos os maus feitios. Mas quando me perguntarem onde estou, vou ter a honestidade de quem nutre um profundo amor próprio e às palavras: 
-Estou por aqui direi. 
De férias eu não estou.»


era MESMO isto que eu queria fazer+dizer+escrever há uns dias atrás, durante as férias.