quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

irmão mais velho



ao fim de quase quatro semanas de ser mãe de dois filhos, muitas vezes ainda me surpreendo com esta realidade. 
seja porque o joão passa do dia na escola e tenho a casa só para mim e para o bebé, seja porque o bebé é genericamente sossegado e passa muito tempo a dormir e portanto consigo ter tempo a sós com o joão. estes dois factores têm se revelado importantes para a estrutura e sanidade mental desta família e desta casa, já que nos permite gerir melhor cada filho e cada momento do dia.

a prioridade para o mais velho foi e é manter as rotinas: escola, banho, refeições, natação, etc., de forma a minimizar o furacão que pode ser chegar um irmão às nossas vidas. temos conseguido até ir ao parque.
para o mais novo, obviamente que a prioridade é atender às suas necessidades básicas, que nesta fase se resumem a comer, mudar a fralda e dormir, o que tem sido fácil de executar. ou melhor, não há como não o fazer, quando ele tem fome chora, quando tem a fralda suja dá sinal e portanto é uma questão de tratar do assunto rapida e eficazmente de modo a não perturbar os ritmos da restante família. 

de uma maneira geral, o joão tem reagido muito bem ao irmão, pergunta por ele, quer vê-lo e mexer-lhe, dar beijinhos e festinhas e fica muito preocupado quando o ouve chorar, vai logo a correr buscar a chucha e o ó-ó. tem curiosidade em vê-lo mamar e dormir e ajuda a dar banho. até aqui tudo bem, excepto estar constipado e já ter passado o bicho do ranho ao pequeno. faz parte...adiante.

o que não está a correr tão bem é a relação dele connosco. a postura desafiadora ou frustrada que assume quando é contrariado. o choro sonoro e com lágrimas gordas a cair, os pesadelos, as noites cortadas a meio, o peso morto quando lhe queremos pegar, as fugas quando o queremos vestir. tem sido cansativo falar com ele, negociar, repetir as coisas dez, vinte, trinta vezes, e mesmo assim ele chora e grita e esperneia. 
às vezes consigo fazer com que me oiça, consigo acalmá-lo. outras vezes não e só me dá vontade de estrafegá-lo. nestas vezes começo por usar a força, em jeito de birra minha, mas rapidamente percebo que é escusado, que assim não vai funcionar. lá volto/voltamos à conversa, ao estado zen. afinal, somos nós os adultos. confesso aqui que temos contado até dez várias vezes, que nos tem apetecido dar-lhe umas palmadas e que o tom de voz sobe. é inevitável, ainda estamos verdes nesta coisa de gerir uma criança de dois anos, que ainda por cima tem um irmão bebé. oh, sorte macaca, pensará ele! 

quer eu, quer o pai, temos noção de como queremos lidar com estas situações. e temos sido uma grande ajuda um para o outro, dando apoio nas situações mais desafiantes. tem sido muito bom fazer este caminho a dois, sem dúvida. estamos a aprender muito.

a educadora diz que é perfeitamente normal o que está a acontecer e que faz parte, não só as birras e provocações, como também o pedir mais colo e estar mais inseguro. pois está bem, mas é cansativo. de repente, o filho bem disposto e descontraído fica possuído e atira-se para o chão em transe. não é nada fixe!
tenho mesmo é que pensar que é uma fase onde é preciso escolher bem as batalhas para se ganhar a guerra. defender com unhas e dentes os valores e regras que entendermos como importantes e, se calhar, relevar noutros aspectos menos preciosos. assim gerimos a energia de forma sustentável e responsável, temos menos stress e conseguimos sobreviver ao inverno.